ENTEVISTA SOBRE ÉTICA
Jornalista Ivânia Vieira – Jornal “A
Crítica” – Manaus/AM, 21/06/2012.
Rubem Flexa – drflexa@ibest.com.br – 5º período de
jornalismo na FBN.
1)
Como se definiria a ética na Comunicação, no jornalismo?
R= Em 2008, a
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) apresentou à categoria e à sociedade
brasileira a nova versão do Código de Ética dessa categoria. Nele estão cinco
capítulos (Direito à Informação; Conduta Profissional do Jornalista;
Responsabilidade Profissional do Jornalista; Relações Profissionais; e a
Aplicação do Código de Ética e disposição finais). Esse conjunto resume o que
o/a profissional de Jornalismo deve obedecer. Esse código é uma bússola que
reafirma o princípio de que o Jornalismo é um patrimônio da sociedade e
o jornalista um agente a serviço do interesse público. Dar conta dessas
dimensões exige coragem, clareza e a busca permanente pelo conhecimento na
perspectiva libertária. A ética da profissão se imbrica com a ética da
pessoa, impossível dissociar.
2)
Na concorrência, de matérias ou furos jornalísticos, nos meios de
comunicação, qual o risco das empresas ou mesmo do profissional da área de
comunicação social atropelar a ética na comunicação?
R= A concorrência não pode ser o
guarda-chuva para justificar o desrespeito à conduta ética. As empresas, ao
lidarem com esse tipo de serviço - informação pública – estão também
comprometidas com a dimensão do serviço público e devem ser responsáveis
em todas as etapas do processo para quais existem leis e documentos
internacionais (como as declarações) dos quais elas se tornaram
signatárias. Em “Os Elementos do Jornalismo”, há alguns questionamentos
que ajudam a preservar a adequada conduta profissional. Uma delas é: “a quem
servi hoje como jornalista?”. Nesse aspecto, ganha importância a mobilização
social por maior controle sobre o que a mídia faz e como
faz.
3)
No seu ver, qual o meio de comunicação da imprensa escrita, falada e
televisionada, mais passível de atropelar a ética na Comunicação?
R= Não são os meios e sim as pessoas
que atuam nesses meios, e sim a conduta empresarial. Se essa conduta não
considerar a responsabilidade e a ética empresariais (defendidas nas
organizações representativas desse setor em nível mundial), qualquer um desses
veículos vai ignorar esse componente. O que pode ocorrer é o tamanho do
alcance, a partir das especificidades de cada meio. Uma emissora de televisão,
cujo alcance é abrangente e imediato, pode produzir repercussões danosas em
âmbito nacional em relação, por exemplo, ao jornal impresso.É importante
observar que nenhum está livre para ignorar o suposto ético e se assim o faz
deve ser punido.
4)
Sabe-se que é um direito do cidadão ser bem informado, com noticias
claras, objetivas e fatos reais. É possível isto acontecer num mundo de grandes
concorrências na atividade jornalística?
R= Lidamos nesse item com aspectos
subjetivos interessantes. O que é ser bem informado? Se a população que consome
os serviços desses meios tem pouca percepção sobre seus direitos e deveres
desses meios, talvez seja pouco exigente em relação ao que é apresentado para
ela. E ainda agradeça. A programação da TV aberta no Brasil é um exemplo disso.
Ela costuma ser grosseira e desrespeitosa com as sociedades deste País, faz um
nivelamento e baixo nível e uma audiência precarizada.
5)
O que seria imprescindível para o profissional do ramo da comunicação
social ter, como ético, para exercer bem a sua profissão?
R= Á ética. E esta
precisa ser aprendida, compreendida, valorizada, cultuada como um bem para toda
a sociedade.
6)
O que recomendaria para um iniciante na profissão de jornalista?
R= Estudar.
Tomar posse do código de ética. Ter curiosidade pelo conhecimento e respeito
pelos saberes. Procurar compreender o significado de ser agente a serviço do
interesse público
7)
O jornalista, ou outro órgão de comunicação social, têm direitos e deveres como
qualquer outra atividade profissional. Todavia, não lhe é imposto apenas a
faculdade da transmissão da informação, pela produção da noticia. Mas sim, a
responsabilidade social de divulgar a informação, concreta e precisa, de
relevante interesse público, como prevê o Código de Ética da Categoria. O
Código de Ética dos Jornalistas brasileiros satisfaz as aspirações
da classe ou ainda há outras?
R= O código acaba d ser reformulado a versão atual é resultado de muitos
debates. Se ele for apropriado pelos jornalistas já será um avanço enorme. Mas,
é um desconhecido quando deveria ser carregado sempre conosco.