Crônica: Uma noite de sorte

segunda-feira, 23 de abril de 2012




Por: Mário Sérgio Ferreira


Eu estava rodando no meu taxi, numa noite de domingo em Manaus, por volta de 21hs, na Rua Ramos Ferreira, esquina com Getulio Vargas, quando dois rapazes de cor negra fizeram parada para o meu taxi. Os dois estavam bem vestidos de tênis e camisa com muitos desenhos e boné, parei, eles entraram mandaram seguir em frente, segui na Ramos Ferreira, o cara de traz dizia para o da frente: 


- Vamos para a Bola da Suframa! O da frente respondia:

- Não! O José pode não estar lá. 


Eu fiquei muito desconfiado com a dupla, eles mandaram descer a Luiz Antony e depois entrar na Dez de Julho do lado do Teatro Amazonas, mandaram que eu parasse, neste dia não tinha nem uma movimentação naquele local, estava completamente deserto.


Quando encostei o carro, pensei que iriam pagar a corrida e ficar ali, foi quando o cara de traz me segurou pela gola da camisa me puxando para traz e o metal frio do revólver encostou no meu ouvido. Aí tive certeza do quer já desconfiava, era um assalto! O cara de traz com o cano do revolver roçando no meu ouvido disse fica quieto, põe a mão no volante, não desliga o carro, se fizer um movimento em falso te queimo aqui mesmo! Aí o cara da frente começou a revirar o porta luva cadê a grana? Eu disse: 

- Ta aí na minha carteira. Por favor, leva tudo e me deixa aqui que eu tenho filhos para criar!! 

O de traz retrucou: 

- Cala a boca vagabundo, senão vou te matar aqui mesmo! É bom que tu deixa  um monte de filhos  por ai, agora é o seguinte motora:  tu vai pro banco de traz e eu vou pega o volante, nós vamos dar uma volta! Eu vou te mostrar que não estou de brincadeira, tirou o revólver do meu ouvido e me mostrou um três oitão cano longo prateado,  e ainda abril o tambor do revólver que estava até o tucupi de bala. 

Quando ele disse vamos dar uma volta me lembrei logo de alguns parceiros  que foram assaltados e mortos nos varadouros da morte! Era uma época de muitos assaltos a taxistas! Pensei com meus botões. Vou pedir ajuda a Deus, é só o que posso fazer! Tudo isso em questões de segundos! Vou ter que escapar aqui mesmo, se me levarem vão me matar!

 Ai o cara de traz disse para mim:

- Agora filho de uma... tu vais pro banco de traz que eu vou para o volante, passou o revólver para o da frente que ficou me agüentando enquanto ele dava a volta pela frente do carro, para entrar no lugar do motorista .
 Foi ai que eu pensei esse cara vai me atirar pelas costas, aqui é mais fácil de ser socorrido do que num varadouro!  Vai ser agora que eu vou escapar! 

O cara da frente com o revólver apontado na minha direção e berrava:

Tu vais morrer! Eu quero mais dinheiro! 

Foi quando eu tomei a decisão, por instinto de sobrevivência, abrir a porta do carro, e tentei correr  esperando o tiro pelas costas, o outro assaltante estava chegando do meu lado, tentou me colocar para dentro do carro me esmurrando, quem disse que ele conseguiu,  eu escapoli  como um sabonete escapole da mão. Então, corri naquela noite de escuridão gritando por socorro! Tinha sido assaltado! Enquanto os caras arrancavam cantando pneu, em alta velocidade, sumindo com meu ganha pão, o meu taxi! 

        Fui socorrido pelos meus colegas do ponto onde trabalho, me deram um copo com água, só consegui beber a metade, tamanha era a tremedeira que eu sentia, e mais, se aquele assaltante tivesse dado um tiro para cima teria caído no chão, só com o susto! Fui até a delegacia de furtos de veículos, após registrar a ocorrência voltei ao ponto. Quando cheguei lá, para minha alegria, os meus colegas já tinham achado o meu carro intacto e com todos os meus documentos  dentro! Só levaram o dinheiro e o toca CD! 

    Detalhe: os assaltantes só abandonaram o carro porque sabem, que quando o motorista escapa das mãos deles, juntam-se dezenas de motoristas de taxi para procurar os assaltantes. Estou vivo por milagre! Dou graças a Deus por estar vivo contanto esta historia!

Lupa de Manaus

Blog Experimental dos alunos do 5º Período do curso de Jornalismo da Faculdade Boas Novas.

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